segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Aos meus amigos

Antes que Seja Tarde


Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.


Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"

Tirado daqui: http://www.citador.pt/poemas.php?op=10&refid=200810270205

sábado, 19 de setembro de 2009

Manifestação de professores



Hoje, em vez de estar em Lisboa na manifestação, estou em casa a escrever sobre ela.

Espero que nos próximos tempos não haja motivo para fazer mais manifestações de professores, mas se houver, provavelmente lá estarei.

Estou cansada. Foram tempos difíceis, durante os quais acabei por tomar uma decisão que me custou imenso. Percebi que não era bom continuar a apostar na carreira docente. As alternativas não são muitas, mas penso que conseguirei dar um rumo (melhor) à minha vida em termos profissionais. Isto não significa que deixe de me preocupar com o ensino, mas tenho que concentrar energias noutros aspectos.

Provavelmente não será uma manifestação grandiosa. Já participei numa deste género e foi aquela em que mais gostei de participar. O espírito é mais genuíno! Nessa manifestação "conheci" várias pessoas dos movimentos independentes. Vi também o Paulo Guinote. Mas tenho pena de não ter conhecido ainda o Ramiro Marques. Fica para uma outra oportunidade e de preferência que não seja numa manifestação. Prefiro que estas não sejam mais necessárias.


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Facebook

Esta coisa das redes sociais é muito curiosa.

Encontram-se amigos, conhecidos, amigos de amigos... Também se gasta demasiado tempo a saltitar de página em página.

Um amigo que já não via há uns 10 anos aceitou hoje o meu pedido de amizade.
Até aqui nada de novo... Mas foi a primeira vez que um amigo me disse: Entrei para os Carmelitas!
Quando o conheci estudava música, agora está a terminar teologia.

As voltas que a vida dá!
Muitas felicidades João!

Agora é que reparo... Será do nome? Tenho outro amigo João que é seminarista!

domingo, 13 de setembro de 2009

Partilhar alegria

Igreja de Nossa Senhora da Graça, Nisa

A Helena e o Ricardo casaram ontem (11 Set).
Os noivos moravam em Aveiro, mas a celebração realizou-se na igreja de Nossa Senhora da Graça, em Nisa, a terra dos avós da Helena. Não sei se ela morou em Nisa algum tempo na infância, mas sei que passava lá férias com a família. Sempre teve uma ligação muito especial e forte àquela terra. As raízes, os laços familiares... A própria igreja é especial para ela.

A Helena é uma amiga linda, por dentro também :)

Estou muito feliz por ela e pelo Ricardo. Só tinha falado com ele uma vez, portanto não posso dizer que o conhecesse. Mas sei que também é um menino lindo.

Agradeço terem-me escolhido (convidado) para partilhar com eles este momento e desejo-lhes as maiores felicidades.

domingo, 6 de setembro de 2009

O risco da independência

Estou a ler o livro O Caminho Menos Percorrido, de M. Scott Peck. Acabo de ler os capítulos O risco da perda e O risco da independência. Considero um desperdício ler este livro como quem lê um romance. É denso e demasiado rico. Não se assimila a informação com uma leitura "em diagonal". Creio que por mais que o leia, mesmo com atenção, terei sempre algo mais a aprender...

Decidi ir anotanto algumas frases ou ideias que que parecem fundamentais, ou que me dão uma nova perspectiva ou simplesmente me chamam mais à atenção. Só fazia isto, tirar notas enquanto escrevo, quando a leitura era de estudo ou de trabalho. Pois bem, neste caso pode-se dizer que é uma leitura de trabalho interior ;)

No capítulo que acabo de ler são referidas algumas histórias de grandes mudanças na vida de algumas pessoas, realizadas por decisão das mesmas. Todas elas têm várias coisas em comum. Foram mudanças de risco no sentido de se dar um salto para o "desconhecido", sem a garantia da aceitação de pessoas muito queridas e que de alguma forma estavam envolvidas. Não quero com isto dizer que sejam atitudes egoístas ou irresponsáveis. Trata-se da coragem de decidir por aquilo que, depois de bem ponderado, se considera claramente ser o melhor. Nem sempre o melhor é o mais fácil nem o que os outros (sejam eles quem forem...) esperam. É importante considerar e aceitar as opiniões de quem nos rodeia e em particular daqueles que nos são mais queridos e até de ter em atenção as consequências que as nossas decisões terão sobre eles. No entanto, esse cuidado não deve de forma alguma sufocar o eu, o individualismo e a independência de cada um.

"A coragem não é a ausência do medo; é a tomada de acção apesar do medo, a iniciativa contra a resistência gerada pelo medo do desconhecido e do futuro" (M. Scott Peck, em "O Caminho Menos Percorrido")

Por mais que quem me rodeia me queira bem, sou eu quem tem a responsabilidade de tomar as minhas decisões e de construir a minha vida. O que é muito bom para uma pessoa pode não o ser para outra. Entre duas realidades boas devo escolher aquela que me parece mais cómoda e mais segura para mim e para os outros, ou a que me realiza mais e que mais benefício traz para os outros, mesmo que mais difícil?



Foto da Pimpolha, a minha gatinha. Esta foi uma das várias estratégias utilizadas para ela não "fugir" (perder-se ou ficar debaixo de um carro...) num dia em que era fácil isso acontecer.
Hoje teve direito a uma foto no blog, talvez por me ter "ajudado" a escrever o texto. Na verdade, passou algumas vezes por cima do teclado :)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Recomeçar

(logotipo da CERCIAV)

Recomecei o voluntariado na CERCIAV no dia 3 de Setembro. Já tinha saudades e foi muito bom voltar a estar com eles.

Apesar de ser apenas voluntária e de estar lá apenas umas horas por semana, habitualmente sinto-me como se fizesse parte da casa. Fazem-me sentir assim!

No início desta semana, durante 2 dias e meio, participei em várias sessões de formação na CERCIAV, juntamente com os funcionários/colaboradores. A participação na formação deu uma nova dimensão a este fazer parte da CERCIAV, sobretudo porque algumas sessões foram práticas e realizadas com dinâmicas de grupo, num verdadeiro espírito de equipa que procura evoluir.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Voluntariado

(Imagem daqui: appacdm-fundao.blogs.sapo.pt)
Há alguns anos surgiu a oportunidade de fazer voluntariado numa CERCI. Não me relacionava habitualmente com pessoas com deficiência. Conhecia algumas e estava com elas esporadicamente. Tinha curiosidade em conhecer um pouco melhor o mundo do ponto de vista de algumas pessoas com limitações diversas.
Além da curiosidade, havia também a consciência de que isso seria importante no meu trabalho como professora. Sem conhecer, por melhor que fossem as intenções, o mais certo era que errasse redondamente na minha prática lectiva com alguns alunos com necessidades educativas especiais.
Assim comecei a fazer voluntariado durante alguns meses (deixei quando consegui emprego e o tempo passou a ser escasso). Este ano lectivo voltei ao voluntariado (de Setembro a Julho) e pretendo continuar em Setembro e enquanto o meu horário o permitir.
Uma das primeiras coisas que me impressionou foi a valorização humana, tão contrária à valorização daquilo que cada um produz e não da pessoa em si. Desperdiçamos demasiados talentos por valorizarmos apenas uma parte de nós...
Cada dia de voluntariado (uma manhã por semana) foi uma aprendizagem. Vou descomplicando e descobrindo, em concreto na minha vida, o que é mais importante. Aprendo a redimensionar as coisas e a ter um olhar mais abrangente. Tudo se torna mais claro. Uma qualidade que eu valorizava mas achava que tinha perdido algures no tempo, retomou o seu lugar.
Vou tentando partilhar aqui no blog pequenas histórias e vivências desta experiência tão gratificante.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O dom da vida


(imagem do blog: porquenaotecala.blogspot.com)

Hoje é o meu 30º aniversário. Hoje é dia do Sagrado Coração de Jesus. Fui procurar uma frase do dia e encontrei esta:

"Há que aprender a viver com o sofrimento e a fazer dele uma força de crescimento. Aprender a tirar proveito do sofrimento, por pior que seja, não vou fingir, não vou iludir, vou aprender, vou crescer, vou ver aonde é que isto me leva. O sofrimento dá-nos uma grande compreensão de nós próprios, uma grande compreensão dos outros e uma grande abertura ao futuro. Claudel, como poeta criou uma imagem muito bonita: o sofrimento, simbolicamente, é como uma porta, porque é pelo sofrimento que podemos sair de nós próprios e pelo sofrimento que podemos deixar entrar o outro. A porta do amor, a porta da alegria!"

Pe. Vasco Pinto de Magalhães, sj


A primeira reacção foi mais ou menos assim: tinha que ser logo sobre sofrimento? Fugir, iludir, esconder é aquilo que dá vontade de fazer face ao sofrimento. Também há a tentação de pensar que isto é conversa de padres, que parece que temos que sofrer muito para "merecer o Céu". Nada mais errado! Trata-se simplesmente de uma atitude muito inteligente. Não é uma questão de procurar o sofrimento ou de o provocar, mas de saber viver com aquele que naturalmente surge no sosso caminho. Quantas vezes uma coisa de nada se transforma num grande problema só porque não me apetecia nada ter que resolver aquilo? Lamentar não serve de nada. Que tal olhar de frente? Encarar o que dói ou aquilo que agrada um bocadinho menos (não se trata apenas dos grandes sofrimentos e dos grandes problemas) faz realmente descobrir muita coisa em nós.

Às vezes têm que ser as coisas menos boas a sacudir-nos a acordar-nos de um estado de apatia ou de instalação. A vida corre e nós corremos, vamos andando, mas esquecemo-nos de viver.

Obrigada pelo dom da vida!

Obrigada por mais este ano!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Para pais e professores/educadores

O que queremos para os nossos filhos: http://www.overstream.net/view.php?oid=l6ssere6l3uj O vídeo acima referido foi-me enviado por mail. Trata-se de uma mensagem muito rica sobre educação. Gostei de ver e ouvir. Author comments: This video, produced by Heidi Hass Gable, posted in her blog http://www.iwasthinking.ca/2008/09/19/what-i-want-for-my-children/, was subtitled into portuguese language, due to the importance of the message to all parents, teachers and governments."My hope is that it will move you, it will motivate you,it will make you think and it will inspire you to get involved in your child’s education,to support your teachers and to be part of creating great schools!" (Heidi)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Criança sem terapia da fala há três meses

NÍDIA FERREIRA E ANA TAVARES Um menino da Escola Básica do 1.º Ciclo do Bom Sucesso, no Porto, está sem aulas de terapia da fala desde o início do ano lectivo. A mãe pede soluções à escola e à DREN, que diz que o caso, comparado com outros, não é prioritário. Uma criança de dez anos, portadora de uma síndroma genética com grave atraso do desenvolvimento psicomotor, frequentava desde 2006, na Escola Básica do 1.º Ciclo do Bom Sucesso, no Porto, aulas de terapia da fala e de ensino especial. A frequência do apoio individualizado de ensino e de terapia da fala tinha sido aconselhada quer pela psicóloga quer pelo pediatra que acompanham o menino. No relatório de avaliação médica de Setembro de 2007, pode ler-se que foi constatado, após o primeiro ano, "um franco progresso em várias vertentes do de-senvolvimento psicomotor e comportamental, o que favorece a integração social", sendo recomendado pelo pediatra no relatório de 2008 "um apoio acrescido de terapia da fala". A mãe, Manuela Moutinho, conta como sentiu melhorias na aprendizagem do filho. "Tinha dificuldades em articular as palavras. No ano passado aprendeu a ler e a escrever ", confirma. Contudo, no início do ano lectivo, a criança, que continuou a frequentar o ensino especial, não foi integrada nas aulas de terapia da fala. "O coordenador da Escola do Bom Sucesso diz que não pode fazer nada porque não tem mais terapeutas. Já ando desde o início deste ano lectivo entre a DREN e o agrupamento de escolas e não vejo solução para o meu filho", lamenta. "Já pedi para mudarem o horário para inscrevê-lo em aulas privadas, mas não me deram permissão. Também não quero mudar de escola porque aqui já se adaptou, já tem amigos", explicou. Contactada pelo JN, a coordenadora do Ensino Especial da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), Conceição Menino, afirma ter conhecimento do caso. "Temos duas unidades que dão apoio ao ensino especial e terapia da fala: a de apoio à multideficiência e a de autismo. O que se passa é que quando este aluno foi integrado na nossa Unidade de Apoio ao Autismo, naquela escola, havia disponibilidade de terapeutas e, por isso, foi possível incluí-lo a título excepcional", explicou a responsável. "Este ano tivemos nessa unidade, que abrange outras escolas, mais alunos a precisaram de mais horas semanais. Como o aluno não é autista, não possui multideficiência nem surdez, não foi possível incluí-lo, porque a terapeuta já tem todo o horário preenchido", acrescentou. Jornal de Notícias (2008-12-09) http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=1055860 Se este caso, comparado com outros não é prioritário, a situação do ensino especial é grave pois a escola está longe de ser inclusiva. Teve direito a terapia da fala a título excepcional? Não é autista, não possui multideficiência nem surdez, por isso não tem direito a terapia da fala? Não me espanta mesmo nada que que esta senhora e outros responsáveis assim pensem. Na legislação mais recente sobre ensino especial, percebia-se bem o que se entendia por "escola inclusiva"... O que me espanta é que se assuma publicamente esta posição. As crianças e os jovens não têm direito a educação e formação integral, mesmo que tal implique diferenciação de práticas? Mas tenho que reconhecer que infelizmente, comparado com outros, este caso não é dos "piores". O que é mais grave aida, não se trata de um caso isolado, de uma falha pontual, mas de um desinvestimento na formação de crianças e jovens com necessidades eductivas especiais.