quarta-feira, 9 de julho de 2008

Em boa hora DESISTI de ser professora :(

Na verdade foi já um pouco tarde. O gosto de ensinar, alguma ingenuidade da minha parte e a dificuldade em ver ou aceitar que pudessem querer destruir o ensino público fizeram tardar a decisão. Há quase um ano tive sérias dúvidas se pretendia continuar a lutar por exercer a profissão docente. Foi na altura em que comecei a ler a legislação mais recente sobre o ensino público (pré-escolar, básico e secundário). Tinha que estar informada, porque as possibilidades de conseguir uma colocação eram elevadas pois concorria em 1ª prioridade a Matemática e estava habilitada para o grupo de Informática. Li e não queria acreditar, era muito pior do que consegui imaginar ao ler o que escreviam os colegas de profissão na Internet. (Desconhecimento meu da legislação e, mais uma vez, ingenuidade) Eu tinha concluído a segunda licenciatura numa aposta para conseguir finalmente dar aulas no ensino básico/secundário. Como podia eu desistir? Tive receio de me arrepender, por isso concorri. Nas colocações não foram respeitadas as nossas opções de candidatura e nós só soubemos da mudança das regras no dia em que sairam os resultados... Foi tarde de mais para arrependimentos. Novas mudanças na legislação se sucederam, quase todas bastante negativas para os professores e, nalguns casos, também para os alunos. Rapidamente o arrependimento por ter concorrido fez-me repensar as minhas opções e desisti daquela colocação, rescindi o contrato (completo, anual e a 50 min de casa) tendo ficado apenas 2 meses. Foi tempo de me dedicar ao Mestrado, que foi correndo bem. Dei formação durante cerca de 4 meses. Voltei a dedicar-me ao Mestrado, mas houve algumas fases em que o deixei de lado, tal era a revolta em relação às maldades realizadas contra os professores e contra a qualidade do ensino. Só voltei a ter algum descanso e a conseguir dedicar-me a sério ao Mestrado quando decidi que o meu futuro não passava por ser professora, profissão pela qual tanto lutei. Voltei a dar aulas, desta vez de Matemática, tendo sido colocada a 9 de Maio. O contrato termina a 31 de Agosto. Agora sei que se não desistisse, não faltariam muitos anos que seria forçada a desistir, porque haverá cada vez menos lugares para contratados. A Prova de Ingresso seria apenas uma forma de falsear estatísticas. Em vez do Goveno ter que assumir que tinha lançado para o desemprego mais não sei quantos mil professores contratados, para além do que já estavam no desemprego, dizer que conseguiu afastar do ensino não sei quntos mil professores incompetentes, seria muito mais benéfico para a sua imagem. Ao contrário da facilidade impensável de muitos exames deste ano, nomeadamente a Matemática, a Prova de Ingresso seria o oposto. Estou muito desiludida, mas também mais leve por estar de saída.