sábado, 13 de setembro de 2008
100 mil alunos sem apoio?
A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, garantiu hoje que o seu ministério tem todos os alunos com necessidades especiais sinalizados, considerando "absurdo" um estudo da Universidade do Minho, recentemente divulgado. O professor catedrático da Universidade do Minho, Miranda Correia, disse que mais de 100 mil alunos com necessidades especiais estão sem qualquer apoio pedagógico, situação que em muitos casos se transforma em "graves problemas de insucesso escolar". Miranda Correia, que coordena a Área de Educação Especial da Universidade do Minho, chega aquele número baseando-se no facto de não existirem estudos efectivos do número de crianças com necessidades especiais e do Ministério da Educação apresentar uma estimativa "muito abaixo de qualquer estudo internacional".
Para o Ministério da Educação as crianças com necessidades especiais "rondam os 1,8 por cento". "É um número totalmente abaixo de qualquer estudo internacional", sustenta Miranda Correia que defende situarem-se entre os 8 e os 12 por cento os alunos que têm dificuldades de aprendizagem específicas. Para o especialista, aquela diferença representa que mais de 100 mil alunos estão fora das contabilidades e apoios do Ministério da Educação. "Entre 100 a 150 mil alunos com necessidades educativas especiais estão sem apoio", defende o catedrático para quem "metade diz respeito a dificuldades de aprendizagem específica, como a dislexia".
Maria de Lurdes Rodrigues considerou que o estudo "não tem nenhuma relação com a realidade". "O ministério tem todos os alunos sinalizados, todos os alunos contabilizados", assegurou. A ministra quantificou em 55 mil os alunos que estão sinalizados e que precisam de necessidades especiais, de apoio especializado ou de apoio educativo. "É um absurdo estar-se a falar em 100 mil, é um número atirado para o ar", frisou a titular da pasta da Educação. Para Maria de Lurdes Rodrigues, tudo o que se diga hoje "é pura precipitação", uma vez que as aulas apenas começam agora. "Aquilo que nós sabemos é o esforço que o Ministério da Educação fez para responder melhor às necessidades dos alunos e das famílias", afirmou.Maria de Lurdes Rodrigues salientou a aposta na formação de pessoal auxiliar, sustentando que "700 funcionários estão em formação para apoiar" as equipas de ensino especial. A responsável salientou ainda que o seu ministério fez um "esforço enorme" na sinalização das crianças, "para não confundir um aluno surdo com um aluno que tem dificuldades de aprendizagem", por exemplo.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1342311&idCanal=58
Menos financiamentos para crianças e jovens NEE
As organizações que trabalham com crianças com necessidades educativas especiais criticaram hoje o financiamento atribuído pelo Ministério da Educação (ME), considerando que a "falta de verbas" pode pôr em causa os apoios prestados aos alunos. Com a reforma da educação especial, que prevê a integração de todas as crianças com deficiência no ensino regular até 2013, as escolas especializadas estão a transformar-se em centros de recursos, tendo apresentado este ano, pela primeira vez, projectos de apoio educativo que vão ser desenvolvidos em parceria com os estabelecimentos de ensino regulares.
(...) "Tememos que [este financiamento] ponha em causa a qualidade do apoio prestado às crianças com necessidades educativas especiais", disse Rogério Cação, director da Federação Nacional das Cooperativas de Solidariedade Social (Fenacerci). O responsável sublinhou que os projectos apresentados conjuntamente pelas organizações especializadas e pelos agrupamentos de escolas tiveram em conta o número de crianças com deficiência em cada estabelecimento de ensino e o tipo de ajuda de que cada uma necessita. "Ou o trabalho de levantamento das necessidades foi muito mal feito, o que não aconteceu, ou então há muitos apoios que terão de ficar para trás", advertiu Rogério Cação.
Demarcando-se publicamente "das decisões tomadas pelo ME em matéria de apoios educativos", seis organizações que integram a comissão de acompanhamento, entre elas a Federação Portuguesa de Autismo e a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral, pediram hoje à tutela uma reunião de urgência com o secretário de Estado da Educação. "O ME terá de assumir total responsabilidade pelos impactos que advierem deste financiamento", avisou o responsável da Fenacerci.
A Lusa contactou o Ministério da Educação, não tendo obtido qualquer resposta até ao momento.
Notícia completa:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1342043
"Atraso" propositado...
A Confederação para a Deficiência Mental (CODEM), estrutura composta por representantes da Federação Portuguesa de Autismo, HUMANITAS, UNICRISANO e FENACERCI, manifesta-se apreensiva com a falta de resposta do Ministério da Educação sobre os apoios educativos para o ano lectivo 2008/2009.
As candidaturas para obtenção de apoios educativos foram organizadas no passado mês de Abril, num trabalho de parceria entre as organizações que apoiam crianças com deficiência e os agrupamentos de escolas, tendo sido assumido pelo Ministério da Educação uma tomada de decisão no final do mês de Junho, situação que não aconteceu. Os membros da CODEM alertam para os riscos inerentes a este atraso, que vão causar problemas no arranque do novo ano lectivo, num contexto em que não são conhecidos os cortes feitos pelo Ministério da Educação, relativamente às candidaturas apresentadas.
(...) a Federação Portuguesa de Autismo, a HUMANITAS, a UNICRISANO e a FENACERCI decidiram fazer chegar um protesto formal e manifestar preocupação junto da ministra da Educação, do secretário de Estado da Educação e do Director-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular.
Sobre a CODEMA CODEM – Confederação para a Deficiência Mental é uma organização de âmbito nacional, que pretende funcionar como interlocutor privilegiado da administração central em matérias que tenham a ver com as pessoas com deficiência mental e família. Os membros da CODEM pretendem alargar o mais possível o debate à opinião pública, como forma de promoção e facilitação da inserção social e profissional das pessoas com deficiência mental. Integram a CODEM a Federação Portuguesa de Autismo, a HUMANITAS (Federação Portuguesa para a Deficiência Mental), UNICRISANO (União dos Centros de Recuperação Infantil do Distrito de Santarém) E FENACERCI (Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social).
Notícia completa:
(http://www.causas.net/index.php?option=com_content&task=view&id=295&Itemid=64)
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Novo Rumo
Porque criei este blog?
Várias foram as razões...
Expressar a minha opinião sobre um assunto que é tão importante para mim.
Ter um papel activo no ensino, concretamente em acções de luta que foram sendo levadas a cabo.
Sensibilizar e mobilizar outros colegas.
No entanto, tudo o que foi referido poderia ter sido conseguido participando mais noutros espaços de grande qualidade já criados.
A motivação decisiva foi a necessidade expressar (e expulsar) a revolta e aprender a gerir o desânimo que se foi instalando.
Felizmente este objectivo foi conseguido satisfatoriamente!
O blog passará a ter um novo rumo, provavelmente mais abrangente e mais pessoal.
Quanto ao ensino, continuo atenta e a participar aqui e acolá, em espaços da internet muito úteis para os professores e para o ensino. Espaços que têm por trás a dedicação de grandes apaixonados pelo ensino.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Em boa hora DESISTI de ser professora :(
Na verdade foi já um pouco tarde.
O gosto de ensinar, alguma ingenuidade da minha parte e a dificuldade em ver ou aceitar que pudessem querer destruir o ensino público fizeram tardar a decisão.
Há quase um ano tive sérias dúvidas se pretendia continuar a lutar por exercer a profissão docente. Foi na altura em que comecei a ler a legislação mais recente sobre o ensino público (pré-escolar, básico e secundário). Tinha que estar informada, porque as possibilidades de conseguir uma colocação eram elevadas pois concorria em 1ª prioridade a Matemática e estava habilitada para o grupo de Informática.
Li e não queria acreditar, era muito pior do que consegui imaginar ao ler o que escreviam os colegas de profissão na Internet. (Desconhecimento meu da legislação e, mais uma vez, ingenuidade)
Eu tinha concluído a segunda licenciatura numa aposta para conseguir finalmente dar aulas no ensino básico/secundário. Como podia eu desistir? Tive receio de me arrepender, por isso concorri. Nas colocações não foram respeitadas as nossas opções de candidatura e nós só soubemos da mudança das regras no dia em que sairam os resultados... Foi tarde de mais para arrependimentos.
Novas mudanças na legislação se sucederam, quase todas bastante negativas para os professores e, nalguns casos, também para os alunos.
Rapidamente o arrependimento por ter concorrido fez-me repensar as minhas opções e desisti daquela colocação, rescindi o contrato (completo, anual e a 50 min de casa) tendo ficado apenas 2 meses.
Foi tempo de me dedicar ao Mestrado, que foi correndo bem. Dei formação durante cerca de 4 meses. Voltei a dedicar-me ao Mestrado, mas houve algumas fases em que o deixei de lado, tal era a revolta em relação às maldades realizadas contra os professores e contra a qualidade do ensino. Só voltei a ter algum descanso e a conseguir dedicar-me a sério ao Mestrado quando decidi que o meu futuro não passava por ser professora, profissão pela qual tanto lutei.
Voltei a dar aulas, desta vez de Matemática, tendo sido colocada a 9 de Maio. O contrato termina a 31 de Agosto.
Agora sei que se não desistisse, não faltariam muitos anos que seria forçada a desistir, porque haverá cada vez menos lugares para contratados. A Prova de Ingresso seria apenas uma forma de falsear estatísticas. Em vez do Goveno ter que assumir que tinha lançado para o desemprego mais não sei quantos mil professores contratados, para além do que já estavam no desemprego, dizer que conseguiu afastar do ensino não sei quntos mil professores incompetentes, seria muito mais benéfico para a sua imagem. Ao contrário da facilidade impensável de muitos exames deste ano, nomeadamente a Matemática, a Prova de Ingresso seria o oposto.
Estou muito desiludida, mas também mais leve por estar de saída.
quinta-feira, 26 de junho de 2008
PARABÉNS MARIANA
domingo, 22 de junho de 2008
A estatística da ministra da Educação
Entrevista com Ministra da Educação na SIC:
http://sic.aeiou.pt/online/scripts/2007/videopopup2008.aspx?videoId={3BD7E773-D1EC-498E-9F01-2753F930BC19}
Nuno Crato não percebe tanto de estatística como a senhora ministra?
Os especialistas, de reconhecido valor, são pessimistas de serviço?
O rigor de um exame avalia-se por comparação com o que é exigido no programa e não com os resultados, isto é simplesmente viciar os resultados.
Para a Ministra da educação, o que avalia o rigor de um exame é verificar se poucos alunos têm notas baixas e poucos têm notas altas, enquanto a maioria tem resultados médios. (É esta a interpretação da curva de Gauss) Quanto a mim, isto é fazer exames para conseguir os resultados que se pretende. Felizmente a estatística (a que Nuno Crato bem conhece) não funciona assim.
Eu não preciso de esperar pelos resultados dos meus alunos no exame de Matemática do 9º ano
para afirmar que o exame era demasiado fácil. Eu sei aquilo que é exigido no programa e o esforço que fazemos para que eles estudem um bocadinho e consigam adquirir as competências essenciais que se espera de um aluno de 9º ano.
Este exame não avalia sequer as competências mais básicas do 3º ciclo.
Para que fazemos nós tanto esforço de incentivo aos alunos para que estudem Matemática? Muitos estão convencidos de que é suficiente ouvir o professor e copiar os exercícios resolvidos do quadro. Na realidade, sem algum trabalho autónomo não há sucesso na Matemática.
Agora, este exame veio dar-lhes a prova de que são uns craques na Matemática, sendo cada vez mais difícil ser minimamente exigente com estes alunos.
Outra parte da entrevista (Provas de Aferição):
http://sic.aeiou.pt/online/scripts/2007/videopopup2008.aspx?videoId={AD0AA49E-CF8B-4DA5-A2C9-A9CE045F4FE1}
sábado, 21 de junho de 2008
O vergonhoso exame de Matemática do 9º ano
Podem consultar aqui o parecer da SPM (Sociedade Portuguesa da Matemática) sobre o exame:
http://www.spm.pt/files/parecer9oano1achamada2008.pdf
Aqui encontrarão uma análise feita por uma professora de Matemática:
http://professoresramiromarques.blogspot.com/2008/06/comentrio-prova-de-matemtica-do-9-ano.html
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Exames do 9º ano? Têm a certeza?
O primeiro de muitos posts sobre o exame de Matemática do 9º ano no blog ProfAvaliação, deixou-me "curiosa"
http://professoresramiromarques.blogspot.com/2008/06/exame-de-matemtica-do-9-ano-um-escndalo.html
Quando finalmente tive acesso ao exame, percebi o porquê de tanta indignação. Podem consultar o exame em:
http://www.gave.min-edu.pt/np3content/?newsId=205&fileName=Mat23_P1_08.pdf
Aqui fica uma breve análise sobre o referido exame (não pretende ser exaustiva)...
De um total de 20 questões, apenas 5 testam conhecimentos específicos do 9º ano, a saber: 1, 4.2, 5, 9 e 10. Destas, apenas duas, 9 e 10, requerem a realização de cálculos e/ou a apresentação de justificação. Salienta-se o facto da fórmula resolvente ser dada (necessária para resolver a questão 9)
Há 8 questões de escolha múltipla. Embora este tipo de questões não seja necessariamente fácil por não valorizar o raciocinio efectuado, no caso deste exame, são todas muito directas.
Há ainda mais três questões que não carecem da apresentação de cálculos nem de justificação.
Apenas as questões 3, 7.2 e 10 requerem justificação (simples).
As questões 6.1, 7.3, 9, 10, 11.2 e 12.2 requerem a apresentação de cálculos. As que requerem mais "trabalho" são a 9 (já mencionada), a 11.2 (pode ser resolvida por alunos do 8º ano) e a 12.2 (pode ser resolvida por alunos do 7º ano).
Alguns conteúdos não contemplados: sistemas de equações, inequações, proporcionalidade inversa, circunferência e polígonos.
Uma possível divisão das questões por ano/ciclo de ensino:
Questões do 1º ciclo: 3
Questões do 2º ciclo: 2, 4.1, 6.1 e 6.2.
Questões do 7º ano: 11.1, 11.3 (embora fosse conveniente simplificar o enunciado e a figura, retirando os elementos que não são necessários), 12.1 e 12.2.
Questões do 8º ano: 7.1, 7.2, 7.3, 8 (embora tenha um gráfico de proporcionalidade inversa, pode ser resolvido sem conhecimentos específicos desse conteúdo) e 11.2 (Teorema de Pitágoras)
Intervalo para aulas...
Sexta-feira, 9 de Maio publiquei aqui o post anterior. Nesse dia fui apresentar-me à escola ao final da tarde, mas não dei aulas.
Por coincidência, hoje que volto a escrever aqui, já não estou a dar aulas, foi ontem o último dia...
Talvez venha a escrever algo sobre como é possível gostar muito de ensinar e estar cada vez mais desiludida com o ensino... Mas não será hoje.
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